sábado, 10 de abril de 2010

Enquanto isso na África do Sul...o transporte...

Por Marta Reis
Em Joanesburgo

Aposto que a África do Sul realizará uma grande Copa do Mundo. Tem estádios lindíssimos, aeroportos reformados que dão de mil em qualquer brasileiro e um povo empolgado e ansioso pelo primeiro mundial africano.

Mas se tem uma coisa que preocupa é o transporte. Joanesburgo, por exemplo, que concentrará cerca de 20% dos jogos da Copa, mal tem linhas de ônibus. Metrô, então, nem pensar. Quando cheguei ao país, tive dificuldades até para comprar um carro, simplesmente porque era complicadíssimo rodar as revendedoras usando o transporte público da cidade. Resultado: foi preciso alugar um carro para poder comprar outro.

O planejamento da cidade, muito por causa do Apartheid, criou lugares muito distantes uns dos outros. Minha casa, por exemplo, fica a dois quilômetros de qualquer comércio. Comprar um pão na padaria a pé, nem pensar. Tudo aqui é longe.

Quem não tem carro depende das vans, que em geral estão em mau estado de conservação e não têm letreiros indicando para onde vão. É preciso conhecer os códigos locais para pegar a van certa. Agora imagina um turista que não conhece nada. Tem uns 99% de chances de se perder.

Para tentar minimizar o problema, o Comitê Organizador da Copa lançou o BRT (Bus Rapid Transport), que são corredores de ônibus inspirados no modelo de Curitiba. Eles foram construídos em pontos estratégicos da cidade para facilitar a locomoção dos fãs até os estádios Soccer City e Ellis Park. Apesar de limitado, foi aprovado pela população, pois é limpo, organizado e funcional. Para quem está acostumado a andar nas vans daqui, o BRT é avião de primeira classe.

O sistema é uma boa opção, mas não resolve a questão. Há poucos corredores e eles não chegam às principais regiões hoteleiras da cidade – Rosebank e Sandton.

Outra solução seria o trem rápido, programado para ficar pronto antes da Copa. O projeto inicial prevê estações no aeroporto, em Pretória e nas regiões de Sandton e Rosebank. Só que apenas o terminal que liga o aeroporto a Sandton deve ficar pronto até o Mundial. Mesmo assim, apenas em meados de junho. Taxis são bons, mas também são caros, poucos e normalmente andam sem identificação. Para pegar um é preciso ligar antes.

Por isso, a melhor opção para quem vier para a Copa é alugar um carro. Mas será que as empresas darão conta da demanda? E mais, como vai ficar o trânsito da cidade se a maioria dos turistas resolver encarar a mão inglesa e pegar um carro? A Copa do Mundo era, sem dúvida, uma grande oportunidade para o país finalmente criar um sistema de transporte eficiente, capaz de atender toda a população. Mas infelizmente esse bonde a África do Sul perdeu.

Fonte: Blog Viva Laduma

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